Impactos humanitários da violência armada
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Já imaginou viver com o impacto da violência no dia a dia? No acesso à escola ou a serviços de saúde, no caminho para o trabalho, nos momentos de lazer. Já imaginou precisar estar sempre em alerta? Essa é a realidade de quem convive com a violência armada em seu cotidiano no Brasil.
No Brasil, a taxa de mortes violentas intencionais foi de 23,4 por 100 mil habitantes em 2022, totalizando 47.508 homicídios. Em muitos municípios, há territórios que sofrem com a presença de grupos armados que se enfrentam com as forças policiais e de segurança, e/ ou entre si, por disputas territoriais e pelos recursos econômicos locais.
Esse fenômeno complexo tem impactos graves para a população. Alguns deles visíveis, como homicídios e pessoas feridas, e outros menos visíveis, como desaparecimento de pessoas, deslocamento pela violência, impacto na saúde mentale falta de acesso a serviços públicos essenciais como unidades de saúde e escolas.
Consequências invisíveis da violência armada
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Falta de acesso aos serviços públicos essenciais
A violência armada é um desafio para as pessoas que precisam acessar os serviços públicos essencias, para os profissionais que atuam nas unidades e também para as autoridades, que se deparam com uma série de dificuldades e barreiras para oferecer os serviços à população.
Em contextos mais sensíveis e inseguros, muitas vezes é necessário interromper diversos serviços que deveriam ser ofertados, ou até mesmo fechar escolas, unidades de saúde, unidades de assistência social, a fim de resguardar a integridade e a vida daqueles que trabalham e/ ou os utilizam. No Rio de Janeiro, por exemplo, 74% das escolas da rede municipal de ensino foram afetadas por pelo menos um tiroteio em 2019, de acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado.
Saiba mais sobre o impacto da violência armada no acesso à educação.
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Desaparecimento de pessoas
Todos os dias milhares de brasileiros enfrentam a dor de não saber o paradeiro de seu ente querido. Em 2022, 74.061 pessoas foram registradas como desaparecidas, uma média de 203 pessoas por dia. Parte desses desaparecimentos estão relacionados à violência armada. Por outro lado, 39.957 foram localizadas, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Além da incerteza prolongada pela falta de notícias, o desaparecimento impõe aos familiares de pessoas desaparecidas outras consequências graves, que geram necessidades específicas de saúde física e mental, relacionadas à sua segurança e também a problemas jurídicos e econômicos.
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Deslocamento de pessoas
O deslocamento não é um fenômeno isolado, e é geralmente um último recurso para a sobrevivência. As famílias que são obrigadas a abandonar as suas casas vivem em situações de violência generalizada e recorrente: nos seus bairros há grupos armados que controlam e limitam os seus movimentos, impondo regras e sanções, erguendo fronteiras invisíveis e tornando impossível o acesso a serviços essenciais como escolas, hospitais ou centros esportivos e culturais.
Os números de pessoas deslocadas é maior a cada dia, uma vez que elas se deslocam porque sua cidade é palco de algum tipo de violência.
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Saúde mental e apoio psicossocial
Em contextos de violência armada é essencial considerar os possíveis impactos na saúde mental e bem-estar psicossocial das pessoas afetadas, incluindo profissionais de serviços públicos essenciais. Fatores como a violência, o medo e a incerteza podem contribuir para a exacerbação de sofrimentos psicológicos e transtornos mentais prévios e/ou para o surgimento de novos (por exemplo, esgotamento emocional, depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno bipolar).
Além disso, a população afetada e exposta aos ambientes de violência armada pode sofrer consequências psicossociais, como rompimento de relações sociais, a perda ou separação de familiares, piora das condições básicas de vida e acesso limitado aos serviços essenciais.
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O que fazemos?
A Delegação Regional do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai está sediada em Brasília, com escritórios em Fortaleza (CE), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e uma missão em Buenos Aires.
Na região, o CICV desenvolve atividades e trabalha em parceria com governos locais, organizações e as comunidades para responder e promover respostas das autoridades às necessidades humanitárias da população em três temas prioritários: consequências humanitárias da violência armada; necessidades de pessoas migrantes e das populações receptoras; e a promoção e adoção do Direito Internacional Humanitário (DIH), do Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) e dos princípios humanitários.